Autoridades palestinas ligadas ao grupo terrorista Hamas disseram que um ataque aéreo nesta terça-feira (9) matou dezenas de pessoas ao atingir um campo de deslocados no sul da Faixa de Gaza.
O bombardeio teria ocorrido sobre os arredores de uma escola na cidade de Abassan, a leste de Khan Yunis. O Exército de Israel disse estar investigando o relato. Já o Hamas alertou que a ação poderia prejudicar as negociações de cessar-fogo.
Enquanto isso, tanques voltaram a ocupar a Cidade de Gaza —local no norte da faixa que foi um dos primeiros alvos no início da guerra, em outubro— forçando seus residentes a fugir. Segundo eles, os blindados avançaram sobre os bairros de Tel Al-Hawa, Shejaia e Sabra, na Cidade de Gaza, bombardearam estradas e prédios, forçando-os a fugir de suas casas.
A ação se deu após militares israelenses ordenarem o esvaziamento de vários distritos no leste e oeste da cidade, incluindo esses bairros, por meio das redes sociais.
Alas armadas do Hamas e de seu aliado Jihad Islâmica disseram que seus combatentes lutaram contra os soldados de Tel Aviv nas linhas de frente com metralhadoras, morteiros e mísseis antitanque, matando-os e ferindo-os.
O Exército de Israel não comentou baixas, mas disse que suas tropas se envolveram em combates corpo a corpo com os integrantes das milícias. O órgão afirmou ter tirado mais de 150 combatentes de ação na semana passada e destruído diversos prédios com armadilhas e explosivos.
As batalhas ocorrem em um momento em que autoridades dos Estados Unidos estão de volta à região, pressionando por um cessar-fogo depois que o Hamas fez concessões em relação às suas propostas na semana passada.
Mas a campanha renovada de Israel ameaçou as negociações em um momento crucial e, segundo o líder do grupo, Ismail Haniyeh, isso poderia levá-las de volta à “estaca zero”.
Vídeos nas redes sociais mostraram famílias lotando carroças puxadas por burros e caminhões carregados com colchões e outros pertences atravessando as ruas da Cidade de Gaza para sair de áreas sob ordens de esvaziamento israelenses.
Milhares de pessoas fugiram rumo ao oeste, para o sul e em direção ao Mediterrâneo.
Por meio de um aplicativo de mensagens, Um Tamer, mãe de sete filhos, contou à agência Reuters que esta era a sétima vez que sua família fugia de sua casa na cidade. “Não aguentamos mais, chega de morte e humilhação”, escreveu.
O Crescente Vermelho palestino disse que todos os seus centros médicos na cidade estavam fora de serviço.
A guerra eclodiu quando terroristas liderados pelo Hamas infiltraram o sul de Israel em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e levando cerca de 250 reféns de volta a Gaza, de acordo com números israelenses.
Desde então, a ofensiva de Tel Aviv sobre o território palestino teria matado mais de 38 mil pessoas segundo o Ministério de Saúde de Gaza, ligado ao Hamas.
As esperanças entre os gazenses de uma pausa nos combates foram revividas depois que o Hamas aceitou na semana passada uma parte fundamental de uma proposta de trégua apresentada pelos EUA.
Mediadores do Qatar e do Egito, apoiados pelos EUA, aceleraram os esforços nesta semana. Segundo a imprensa estatal egípcia, negociações serão retomadas em Doha na quarta-feira (10).