Ao menos 11 palestinos morreram e outros 50 ficaram feridos neste sábado (2) em uma tenda que reunia deslocados internos do conflito em Gaza em Rafah, no sul da região, segundo o Hamas, que atribui as mortes a um ataque aéreo dos militares de Israel.
O Ministério da Saúde da faixa, controlado pelo grupo, afirma que os deslocados se abrigavam ao lado de um hospital de Tel Al-Sultan, um dos campos de refugiados da região. Um médico teria morrido.
Israel ainda não comentou o episódio, que ocorre em um momento de grande tensão no sul de Gaza. As tropas de Tel Aviv há semanas tem afirmado que devem invadir Rafah para eliminar o que afirmam ser os últimos focos da facção terrorista Hamas em Gaza.
Ocorre que a região na fronteira com o Egito abriga mais de 1 milhão de deslocados desta guerra —portanto, ao menos metade da população de Gaza no início do conflito armado, em outubro passado.
A ONU e diversos países, entre eles o Brasil, alertam para as consequências humanitárias de uma ação militar dessa escala.
Figuras do alto escalão do governo de Israel já disseram que a invasão ocorreria em meio ao Ramadã, período sagrado para os muçulmanos e que se inicia no próximo dia 10, caso o Hamas não liberte os reféns israelenses que ainda estão sob seu controle —acredita-se que um deles seja o brasileiro-israelense Michel Nisenbaum, 59.
Ao longo desta semana, conversas sobre um possível novo cessar-fogo ocorriam no Qatar entre delegações do Hamas e do governo de Binyamin Netanyahu. Mas os episódios da última quinta-feira (29), quando o Exército de Tel Aviv atirou contra civis que aguardavam para receber ajuda humanitária no norte de Gaza, congelou as negociações.
Também neste sábado, a agência de notícias Reuters relatou, com base em informações de duas fontes do governo do Egito —um dos principais mediadores do conflito—, que as tratativas devem ser retomadas no Cairo já neste domingo (3).
É um relato diferente do que consta em alguns jornais da mídia israelense, segundo os quais Israel só enviará delegação se receber uma lista completa com os nomes dos reféns que seguem vivos.
Ainda de acordo com os interlocutores egípcios que falaram à Reuters, as duas partes já teriam concordado com a duração da nova trégua, bem como com a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos. Faltaria para a conclusão do acordo, porém, a retirada das tropas de Israel do norte de Gaza e a permissão para que os civis possam retornar a essa porção do território ocupado.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que no início da semana havia transmitido uma visão otimista de que a trégua sairia até esta segunda (4), disse nesta sexta-feira (1º) que “ainda não chegamos lá”.
O chanceler palestino, Riyad al-Maliki, por sua vez, falou sobre a esperança de que uma trégua seja acordada a tempo do Ramadã.
De acordo com novo levantamento publicado neste sábado pelo Ministério da Saúde de Gaza, mais de 30,3 mil pessoas morreram na região desde 7 de outubro e outras 71,5 mil ficaram feridas. Acredita-se que a cifra englobe tanto civis quanto membros da facção terrorista palestina, que se refere a todos como mártires.
Enquanto isso, em uma outra frente do conflito regional no Oriente Médio, um ataque de drone israelense matou mais três combatentes do grupo Hezbollah que, financiado pelo regime do Irã, atua no Líbano. Os homens foram mortos dentro de um carro na cidade de Naqoura.
Ataques israelenses desde outubro passado mataram mais de 200 combatentes do Hezbollah e cerca de 50 civis no Líbano, enquanto ataques do Líbano contra Israel mataram uma dúzia de soldados israelenses e cinco civis. Dezenas de milhares de israelenses e libaneses tiveram de abandonar suas casas em vilarejos na fronteira.
O comando do Hezbollah sinalizou nesta semana que interromperia seus ataques se a ofensiva de Israel em Gaza chegasse ao fim, mas também disse que está pronto para “continuar lutando” se a guerra continuar.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, indicou há cerca de uma semana que Israel planejava aumentar os ataques ao Hezbollah no caso de um cessar-fogo em Gaza, mas estava aberto a um acordo diplomático para retirar os combatentes do Hezbollah da fronteira.
O premiê interino do Líbano, Najib Mikati, disse à agência Reuters que uma interrupção dos combates em Gaza desencadearia negociações indiretas para encerrar os ataques mútuos na fronteira.