Nesta segunda-feira, a Assembleia Geral da ONU debate a rejeição do Conselho de Segurança a uma resolução sobre um cessar-fogo em Gaza. A sessão acontece após os Estados Unidos vetarem o texto da Argélia em 20 de fevereiro.
A falta de consenso sobre o texto foi mais um episódio do impasse no órgão em adotar um documento para pôr fim à guerra no enclave, que já matou mais de 30 mil palestinos.
Cessar-fogo imediato
Os EUA vetaram três resoluções desde o início da escalada dos conflitos, em 7 de outubro de 2023, após ataques do Hamas no sul de Israel. Os cinco membros permanentes do Conselho, China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos, têm o poder de vetar.
Além dos representantes dos Estados Unidos, Israel e Autoridade Palestina, a lista de países que se inscreveram para apresentar seus posicionamentos na Assembleia Geral já alcança 77 nações.
Na abertura da sessão desta segunda-feira, o presidente da Assembleia Geral, Dennis Francis, disse que desde a criação da ONU em 1945, a ONU tem o dever de salvar gerações do flagelo da guerra e pediu que a comunidade internacional aja agora para acabar com a crise de Gaza.
Ele adicionou que a situação em Gaza é “catastrófica, inconcebível, vergonhosa” e afirmou estar “chocado e horrorizado com os relatos de mortes e ferimentos de centenas de pessoas durante o desembolso de suprimentos de ajuda, a oeste da Cidade de Gaza, na semana passada.”
Os debates acontecem em meio aos relatos crescente de mortes, bebês morrendo de fome e 85% da população de Gaza, cerca de 1,9 milhão de deslocados internos.
Contenção para salvar vidas
Francis disse estar “extremamente preocupado” com as operações terrestres israelenses pendentes em Rafah, onde quase 1,5 milhão de pessoas residem atualmente. Ele pede urgentemente que prevaleça a máxima contenção para salvar vidas civis inocentes.
Dennis Francis falou sobre as restrições israelenses ao acesso humanitário, que reduziram drasticamente o fluxo de ajuda, com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, Unrwa, relatando uma redução de 50% no número de caminhões que entram em Gaza diariamente de janeiro a fevereiro.
Para o presidente da Assembleia Geral, é essencial o aumento “rápido e substancial” das operações humanitárias, bem como acesso irrestrito a todos os civis necessitados.
Ele adicionou que um cessar-fogo humanitário imediato deve ser implementado e todas as partes devem cumprir suas obrigações de acordo com a lei internacional de direitos humanos e a lei humanitária internacional, especialmente no que se refere à proteção de civis e instalações civis.
Além disso, Francis defendeu a soltura imediata e incondicional de todos os reféns.
Ajuda humanitária urgente
No fim de semana, o Conselho de Segurança emitiu uma declaração pedindo uma ação imediata para aumentar rapidamente a entrega de ajuda ao enclave, especialmente à devastada região norte.
Isso ocorreu após o ataque da última quinta-feira contra palestinos famintos que aguardavam a entrega de ajuda organizada por Israel.
Na declaração, o Conselho expressou profunda preocupação com relatos de que “mais de 100 pessoas perderam a vida, e várias centenas de outras ficaram feridas, incluindo ferimentos a bala em um incidente envolvendo forças israelenses em uma multidão em torno de um comboio de assistência humanitária a sudoeste da Cidade de Gaza”.