Após repressão em Macau, associação entre cassinos, criptomoedas e crime organizado se espalha pela Ásia – EERBONUS
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Após repressão em Macau, associação entre cassinos, criptomoedas e crime organizado se espalha pela Ásia

Cassinos e criptomoedas são cada vez mais usados por bancos clandestinos e esquemas de lavagem de dinheiro no Leste e Sudeste Asiático, alimentando o crime organizado transnacional na região.

Essa é a conclusão de um relatório do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime, Unodc, lançado nesta segunda-feira. 

Tendência iniciada em Macau

O estudo destaca o nexo entre cassinos online ilegais, agências virtuais de apostas e corretoras de criptomoedas que proliferaram nos últimos anos, juntamente com o aumento da criminalidade transfronteiriça em toda a região.

De acordo com o relatório, operadores baseados na Região Administrativa Especial de Macau e seus associados criminosos tiveram um papel central no surgimento desta tendência. 

Após uma série de medidas regulamentares e de aplicação da lei em Macau entre 2019 e 2023, voltadas para abordar as saídas ilegais de capitais, corrupção e lavagem de dinheiro, grandes operadores de apostas foram presos.

Desde então, muitos operadores e jogadores se deslocaram gradualmente para áreas dentro e ao redor de Zonas Econômicas Especiais pouco regulamentadas, principalmente na região de Mekong, que abrange Camboja, China, Tailândia, Vietnã, Laos e Mianmar. 

Em Macau, houve uma diminuição considerável de agências de apostas, que caíram de 235 em 2014 para apenas 36 em 2023, com aproximadamente 12 atualmente em operação.

Unsplash/André François McKenz

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Cassinos no metaverso

A análise do Unodc estima que, após esta descentralização e crescimento, mais de 340 cassinos licenciados e não licenciados estavam operando no Sudeste Asiático no início de 2022, com a maioria tendo adotado uma operação online para oferecer streaming ao vivo e vários serviços de apostas. 

Segundo as investigações, diversos cassinos já surgiram inclusive no metaverso, um tipo de mundo virtual que tenta simular a realidade através de dispositivos digitais. 

Além disso, há indícios crescentes de grupos de crime organizado mirando projetos empresariais relacionados com a indústria mais ampla de jogos online, e particularmente, jogos que usam blockchain.

De acordo com os últimos dados disponíveis do setor, o mercado formal de jogos de azar online deve crescer para mais de US$ 205 bilhões até 2030, com a região da Ásia-Pacífico representando a maior fatia do crescimento do mercado entre 2022 e 2026, com uma projeção de 37%. 

Novas oportunidades para o crime organizado

O representante regional do Unodc para o Sudeste Asiático e o Pacífico, Jeremy Douglas, disse que “cassinos e negócios relacionados, que movimentam alto volume de dinheiro, têm sido veículos para serviços bancários clandestinos e lavagem de dinheiro há anos, mas a explosão de plataformas de jogos de azar online sub-regulamentadas e corretoras de criptomoedas mudou o jogo”.

Ele destacou que “a expansão da economia ilícita exigiu uma revolução impulsionada pela tecnologia nos bancos clandestinos para permitir transações anônimas mais rápidas, o que promove uma mistura de fundos e novas oportunidades de negócios para o crime organizado”.

Os casos examinados também destacam como os operadores de cassinos online ilegais diversificaram as linhas de negócios para incluir fraude cibernética e lavagem de criptomoedas. 

O Unodc reuniu extensas evidências de influência do crime organizado dentro de complexos de cassinos, zonas econômicas especiais e áreas de fronteira, incluindo aquelas controladas por grupos armados em Mianmar para ocultar atividades ilícitas.

O estudo também descreve vários desenvolvimentos de políticas e medidas de fiscalização implementadas pelos governos da região para lidar com saídas ilegais de capital baseadas em cassinos, corrupção e lavagem de dinheiro que, em parte, impulsionaram essas tendências.

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