Apoiadores do ex-presidente da Bolívia Evo Morales intensificaram os bloqueios de estradas no país nesta terça-feira (15). O objetivo deles é evitar a prisão do líder em meio às acusações de que ele estuprou e engravidou uma adolescente em 2015, quando era presidente.
Na véspera, segunda-feira (14), ele não compareceu a uma intimação do Ministério Público do departamento de Tarija para depor, o que poderia torná-lo alvo de um pedido de prisão.
As acusações contra Evo se dão em um momento em que ele disputa a candidatura para as eleições presidenciais do ano que vem de seu partido, o MAS (Movimento ao Socialismo), com o atual presidente, Luis Arce. A defesa do líder diz que o caso foi arquivado em 2020 e ressuscitado para impedi-lo de concorrer no pleito.
Usando entulhos, terra e pedras, os manifestantes interromperam o tráfego em três vias na segunda e mais duas nesta terça, disse a Autoridade Boliviana de Estradas (ABC). As rotas em questão conectam Cochabamba, no centro do território, às cidades de La Paz, Sucre (sul) e Santa Cruz (leste).
Houve enfrentamentos entre partidários de Evo e a polícia no povoado de Parotani, localizado entre Cochabamba e La Paz, em ambos os dias. Os participantes do ato lançaram pedras e explodiram fogos de artifício contra os agentes, além de acender fogueiras. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo. Não há registros de feridos.
Os novos protestos em defesa de Evo tiveram início nesta segunda. À frente dos bloqueios está o Pacto de Unidade, uma associação de organizações ligadas ao ex-presidente. Em um manifesto, ela afirmou que o objetivo das mobilizações é “resguardar a liberdade, integridade e [evitar] o sequestro” do ex-presidente.
Evo, que governou a Bolívia de 2006 a 2019, é acusado dos crimes de estupro, tráfico e tráfico de pessoas. As imputações vieram à tona no início do mês, quando o Ministério da Justiça boliviano anunciou que o líder era alvo de uma investigação por supostamente estuprar uma menina de 15 ou 16 anos e engravidá-la.
A adolescente em questão participava de uma guarda juvenil instituída pelo presidente e denominada Geração Evo. De acordo com o Ministério Público, os pais a tinham inscrito no programa —e, mais tarde, consentido com o estupro— para avançar suas próprias carreiras políticas e obter vantagens indevidas.
Jornais locais dizem que um dos favores que o ex-presidente teria prestado aos pais foi tentar alavancar a candidatura da mãe da adolescente à Assembleia Legislativa do departamento de Tarija pelo MAS.
A nomeação teria sido rejeitada pela sigla em razão dos supostos antecedentes criminais da mulher. Ainda de acordo com a imprensa boliviana, ela depois teria sido indicada para a direção de uma unidade do governo de Gran Chaco, região que a Bolívia partilha com Argentina e Paraguai.