Em mensagem para o Segmento de Assuntos Humanitários do Conselho Econômico e Social da ONU, Ecosoc, o secretário-geral fez um apelo urgente por financiamento humanitário. António Guterres destacou a lacuna significativa entre as necessidades crescentes e os recursos disponíveis.
Em meio a diversas crises, a ajuda humanitária representa a única esperança para milhões de pessoas. Por isso, Guterres chamou a atenção para o déficit de financiamento. Até o momento, os doadores forneceram apenas US$ 8 bilhões dos US$ 48 bilhões necessários para programas de auxílio, pouco mais de 16%.
Desafios humanitários globais
O chefe da ONU destacou que a ordem internacional, o planeta e a humanidade estão em um momento de desafios. Ele enfatizou o sofrimento humano causado por conflitos, desrespeito às regras da guerra e a crise climática.
Guterres ressaltou a destruição em Gaza, onde operações militares israelenses resultaram na morte de mais de 36 mil pessoas em oito meses. A situação forçou a maioria da população a fugir repetidamente.
No Sudão, mais de um ano de combates brutais e violência indiscriminada contra civis criaram a maior crise de deslocamento do mundo. Caminhões de ajuda esperam semanas por liberação enquanto a fome e doenças se espalham.
Ele lembrou que situações similares de sofrimento civil ocorrem do Haiti à Ucrânia, na República Democrática do Congo, em Mianmar e além, com criminosos muitas vezes permanecendo impunes.
Impacto da crise climática
Guterres também destacou os impactos humanitários e econômicos da crise climática, exacerbados por eventos climáticos extremos e pelo fenômeno El Niño.
No sul da África, mais de 60 milhões de pessoas foram severamente afetadas por secas, inundações e outras condições meteorológicas extremas este ano.
O secretário-geral apelou aos Estados-membros da ONU para que aumentem suas contribuições e se comprometam com soluções políticas para os conflitos atuais, a crise climática e os ciclos viciosos de sofrimento humanitário.
Ele também instou os líderes a apoiarem o direito internacional, a proteção de civis e a provisão desobstruída de ajuda humanitária.
Com a Cúpula do Futuro marcada para setembro, Guterres vê uma oportunidade para compromissos ousados que garantam assistência e proteção às pessoas afetadas por crises humanitárias, abordando as causas profundas de todas as formas de violência.
Finalizando sua mensagem, o secretário-geral agradeceu à comunidade humanitária por sua “dedicação e trabalho indispensável” em apoio a milhões de pessoas em crise ao redor do mundo.