O filme Aniquilação, do diretor Alex Garland, foi lançado em 2018 e traz uma história de ficção científica tão intrigante que deixa muitas questões em aberto até os dias de hoje. Essas questões, na verdade, não são dúvidas, mas sim diferentes formas de interpretação.
Aniquilação é uma boa prova de que um filme não precisa responder a todas as perguntas de forma explícita ao seu final. Sendo assim, é possível criar debates e deixar quem está assistindo refletindo sobre o que acabou de ver.
Entre as mais profundas teorias que surgem sobre o filme de Garland, uma das mais fortes é a que mais faz sentido: o planeta Terra sofre de uma doença que para nós, humanos, seria como o câncer.
O grande segredo de Aniquilação: A Terra com câncer
Natalie Portman em AniquilaçãoFonte: Divulgação/Skydance Media
Você já deve estar se perguntando como é possível o planeta ter câncer. Na verdade, o significado disso é apenas uma metáfora ao que acontece com a Terra no filme.
Em Aniquilação, uma bióloga chamada Lena (Natalie Portman) tenta desvendar um mistério ao lado de outras cientistas: Dr. Ventress (Jennifer Jason Leigh), Anya Thorensen (Gina Rodriguez), Cass Sheppard (Tuva Novotny) e Josie Radek (Tessa Thompson).
A primeira metáfora sobre o câncer é apresentada no início do filme por meio da palestra de Lena na universidade Johns Hopkins. Ela aborda a divisão celular, focando em mutações. Então, voltamos ao passado e o fenômeno da trama começa a tomar forma.
Na região de Southern Reach, algo misterioso atingiu um farol e começou a se expandir, e esse fenômeno é batizado de The Shimmer, ou “O Brilho” na tradução literal. A expansão começa a perder o controle e logo Lena e as cientistas passam a investigar o que está acontecendo.
Tessa Thompson como Josie Radek em Aniquilação.Fonte: Divulgação/Skydance Media
Uma vez dentro do The Shimmer, a equipe de cientistas começa a notar que mutações estão acontecendo, afetando outras células. Aqui, o comparativo com o câncer fica a cada vez mais claro. O fenômeno se espalha pelo planeta afetando tudo que está em sua volta da mesma forma que as células cancerígenas.
Alex Garland mostra no filme de ficção científica que as mutações podem até ser algo bonito visualmente, confundindo o espectador sobre sua gravidade. No entanto, até o que é mais belo pode ser perigoso, não só algo grotesco.
Mais teorias sobre Aniquilação e o câncer
Outra questão que leva o filme Aniquilação a reforçar a metáfora sobre o câncer é o fato da equipe de cientistas ser toda feminina. Isso, porque o câncer de mama é a forma mais comum da doença, atingindo principalmente as mulheres.
Há quem diga também que o fato de as pessoas que entram no The Shimmer não retornarem também contribui para a teoria. Afinal, o câncer é uma doença perversa que, muitas vezes, se torna incurável.
Alex Garland, em entrevista concedida à imprensa na época do lançamento do filme, diz que Aniquilação é um filme sobre autodestruição. Em nenhum momento a trama se define como sendo sobre câncer, mas entrega a metáfora de uma autodestruição biológica, com o tumor destruindo o próprio corpo em que habita.
Para não dizer que Aniquilação não cita o câncer em nenhum momento do filme, uma das personagens que faz parte do grupo tem a doença, enquanto a outra perdeu a filha para a leucemia. No entanto, o foco acaba sendo a protagonista, personagem de Natalie Portman, e sua “autodestruição” com seus problemas matrimoniais, mostradas em flashbacks. Ainda assim, a produção não se concentra nas emoções de um romance, mas sim no problema que todos estão enfrentando na Terra.
Existem diferentes formas de interpretar um filme de ficção científica que explora a humanidade, é claro, mas a metáfora de Aniquilação para o câncer fica a cada vez mais explícita quando começamos a destrinchar os acontecimentos.
Você pode assistir Aniquilação na Netflix.