Os países da América Latina exibiram um baixo crescimento econômico, com uma taxa média de 0,9% no período 2015-2024. Por isso, o relatório Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, Cepal, divulgado nesta terça-feira afirma que dinamizar o crescimento é uma “tarefa primordial” na região.
Segundo a Cepal, os países da América Latina e Caribe estão em uma “armadilha de baixo crescimento” que dura várias décadas, agravada por um contexto atual limitado e desfavorável. Isso dificulta a resposta da região aos desafios ambientais, sociais e laborais que enfrenta.
Resultados da economia brasileira
O novo estudo indica que em 2023, o crescimento da economia brasileira superou as projeções formuladas no início do ano, alcançando uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, de 2,9%.
O dinamismo econômico brasileiro em 2023 é explicado em grande medida por uma expansão das exportações, em 9,1%, em um contexto de condições climáticas favoráveis que propiciaram um recorde agrícola de colheita, em particular da soja.
Do ponto de vista da produção, o setor agrícola registrou um crescimento destacado de 15,1%, em comparação com os serviços, com 2,4%, e a indústria, com 1,6%.
Impacto positivo de políticas sociais
Segundo a Cepal, o fortalecimento de políticas sociais, incluindo os programas governamentais de transferências, o aumento do salário-mínimo, a nova política de renegociação da dívida e a redução da inflação contribuíam para o aumento da renda e do consumo das famílias.
No entanto, o levantamento aponta que o crescimento da economia brasileira em 2023 não impulsionou um aumento nos investimentos. Pelo contrário, registrou-se uma contração da formação bruta de capital fixo de 3%.
Segundo os autores do estudo, a queda foi causada sobretudo por uma redução de 9,4% nos investimentos em máquinas e equipamentos. Esse contexto fez com que o crescimento econômico não fosse acompanhado de um aumento, mas sim de uma ligeira contração das importações, de -1,2%.
Empregos informais
A nível regional, os resultados do Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2024 mostram uma redução na taxa de criação de empregos, especialmente empregos formais.
A análise ressalta que grupos como jovens, mulheres, idosos, migrantes e pessoas que vivem em áreas rurais são maior probabilidade de ter empregos informais.
Além disso, a Cepal alerta que uma intensificação dos efeitos das alterações climáticas provocará uma redução significativa no número de empregos gerados a médio prazo.
Reformas estruturais
A entidade defende que para enfrentar estes desafios nos mercados de trabalho, a região deve articular o desenvolvimento produtivo, o emprego e as políticas macroeconômicas, juntamente com medidas eficazes de adaptação e mitigação das alterações climáticas.
Para a Cepal, isto requer um aumento significativo do investimento público e privado, bem como reformas estruturais para promover um crescimento econômico sustentável e equitativo.
O Estudo Econômico 2024 avalia que a América Latina e o Caribe devam permanecer em trajetória de baixo crescimento este ano, a uma taxa média de 1,8%.