De acordo com dados da ONU, a maioria dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODS, estão longe de serem cumpridos no prazo de 2030.
A presidente do Instituto Alana, Ana Lucia Vilella, e o vice-presidente, Marcos Nisti apontam como um dos caminhos para reverter este quadro focar mais nas crianças. A organização integra o Pacto Global das Nações Unidas.
“Desemparedar” as escolas
Em entrevista para o Podcast ONU News, eles compartilharam iniciativas enfatizando a educação infantil e o meio ambiente.
Para Ana Lúcia, a criança “é o símbolo que une todas as ODS”. A pedagoga e ativista social destacou a importância da educação ambiental nas escolas, para que os menores criem desde cedo “empatia pela vida e por todos os seres que estão a sua volta”.
“A gente gosta de falar no Alana que a gente precisa realmente desemparedar muitas escolas, tirar o cimento sabe? voltar a colocar mais terra, planta, bichinhos, enfim, para a criança ter sempre no dia a dia dela esse contato”.
Já Marcos Nisti disse que o trabalho do Instituto Alana se baseia na ideia de que “o que é bom para a criança, é bom para todo mundo”.
O produtor e cineasta comentou o papel da entidade na criação da edição do prêmio X-Prize voltado para florestas tropicais. O objetivo é incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias para acelerar e melhorar o conhecimento da biodiversidade nesses ecossistemas.
Mapeamento completo da floresta
“Então a gente está com seis sistemas tecnológicos hoje que não existiam antes, e essa é a grande vantagem desse tipo de prêmio, porque ele antecipa as soluções. Essas soluções viriam mais cedo ou mais tarde. Mas o que aconteceu é que a gente garantiu que elas viessem mais cedo”.
A iniciativa surgiu de uma parceria com a X-Prize Foundation, depois que Ana Lúcia se tornou a primeira mulher da América Latina a fazer parte do Board de Inovação do prêmio. Para ela, a proteção da biodiversidade requer um mapeamento mais completo.
“Para fazer uma analogia rápida, na verdade a vontade era de fazer um Google Maps da floresta. Como que você consegue ver desde o solo até a copa da árvore tudo o que tem ali, mesmo que seja um milímetro? Assim você consegue ver então que espécie está vivendo ali e com isso você consegue fazer de fato uma biblioteca dessa floresta.”
A competição está na reta final com seis equipes finalistas, após quatro anos de trabalho envolvendo 300 grupos de cientistas de 70 países. As finais vão ser no Brasil em 2024, no Amazonas.
Série “Aruanas” e o ativismo ambiental
Marcos Nisti destacou também o poder do entretenimento para conectar as pessoas com a causa ambiental. Ele produziu a série “Aruanas”, ambientada na Amazônia, que foi vista por mais de 30 milhões de pessoas no Brasil, apostando na temática do ativismo em defesa do meio ambiente.
“A gente teve 0,5% de rejeição ao conteúdo da série no país na época que a série foi lançada, num país extremamente polarizado, não é que despolarizou, mas na época estava latente isso. 91% das pessoas simpatizaram com a causa dos ativistas e estão buscando alguma forma de contribuir.”
Ana Lúcia também destacou os investimentos da organização em pesquisas em Síndrome de Down, que comprovaram os benefícios da inclusão. Segundo ela, a presença de pessoas com a síndrome em sala de aula melhora o aprendizado para todos, inclusive para aqueles que não tem nenhuma deficiência.
A pedagoga defende que “a diversidade só tem a ajudar a humanidade.”
O Instituto Alana se apresenta como um grupo de impacto socioambiental, focado em promover um mundo sustentável, justo, inclusivo, igualitário e plural, especialmente para as crianças.