Lançado a tempo de participar do Halloween e do próximo The Game Awards, celebrado em dezembro, Alan Wake 2 já se consagrou como um forte candidato ao prêmio de Melhor Jogo do Ano. O título não se detém, seja em questões técnicas ou criativas de desenvolvimento, apresentando-se como uma verdadeira obra-prima da finlandesa Remedy.
Contudo, tanta inovação exigiu um arriscado salto tecnológico, especialmente para os jogadores do PC, que se surpreenderam com os requisitos técnicos de Alan Wake 2. Para rodá-lo em qualquer configuração gráfica, por exemplo, é mandatório possuir um SSD, 16 GB de memória RAM e, ao menos, uma RTX 2060. Essa combinação renderia uma jogatina com 30 FPS na resolução de 1080p, algo considerado indesejável por muitos jogadores da plataforma.
Durante nossa análise no Voxel, decidimos testar a flexibilidade dessas exigências no PC e no PlayStation 5. Para isso, utilizamos um notebook gamer equipado com uma GTX 1660 Ti e apenas um monitor externo, com ajustes gráficos no mínimo, e obtemos resultados surpreendentes. Sendo um modelo de entrada, o equipamento conseguiu segurar bem os visuais do novo lançamento da Remedy; confira os detalhes abaixo!
Especificações técnicas: a GTX 1660 Ti roda Alan Wake 2?
Se as especificações técnicas de Alan Wake 2 são “sombrias”, as especificações técnicas utilizadas em nossa análise não passam de uma modesta lanterna de celular — mas ainda brilham no escuro! Antes de prosseguirmos, confira o equipamento utilizado:
- Processador: Intel Core i7 9750H (12 MB de cache, até 4,50 GHz);
- Placa de Vídeo: GTX 1660 TI Max-Q (6 GB de VRAM GDDR6);
- Memória RAM: 16 GB DDR4 (2600 MHz);
- Armazenamento: SSD Sata para a instalação do jogo / SSD M2 NVME para o sistema operacional;
- Monitor Externo: AOC Agon AG322FCX (com suporte a FreeSync); Smart TV FullHD;
- Softwares utilizados: ThrottleStop (para o controle de temperatura) e RTSS (para estabilização na produção de quadros).
Embora as especificações utilizadas estejam muito abaixo do recomendado em Alan Wake 2, entendemos que elas estão mais alinhadas com os PCs utilizados pela maioria dos jogadores da plataforma. No entanto, a decisão também considera que a experiência desenhada pelos desenvolvedores pode ter sido comprometida, ainda que parcialmente, já que está longe do hardware recomendado. Assim, nossa meta é alcançar 30 FPS, evitando o máximo possível degradar os visuais do título.
Requisitos mínimos e recomendados de Alan Wake 2.
Em termos mais simples, talvez, essa análise técnica busca atender às dúvidas dos jogadores que entendem jogar no PC como “se abriu, roda” — isto é, cientes dos desafios e sacrifícios necessários para terminar qualquer título em uma máquina modesta. Considerando essa premissa, temos ainda uma observação acerca dos monitores externos utilizados; veja!
Monitores externos e o Switch MUX
Sabendo do enorme desafio a frente, buscamos utilizar todo o desempenho possível nas configurações utilizadas. Para isso, o uso de um monitor externo foi indispensável, já que garante mais desempenho. O efeito ocorre devido ao fluxo de processamento dos jogos via GPU: quando utilizando um notebook, os quadros gerados precisam sair da placa de vídeo dedicada e passar pela placa de vídeo integrada, antes de serem exibidos em sua tela. Nesse contexto, o resultado é uma significativa perda de desempenho.
Para evitar o problema, há duas alternativas: a mais simples é utilizar um monitor externo, que se conecta direto à GPU Dedicada e, assim, elimina o gargalo. A segunda é mais técnica, além de exclusiva em hardware: o Switch MUX, que permite desativar o uso da GPU Integrada direto na BIOS dos notebooks.
Ilustração do MUX Switch em funcionamento.
Sem acesso ao recurso integrado, optamos pelo uso de monitores externos — um gamer, com FreeSync, outro sendo uma Smart TV Full HD. Naturalmente, a experiência foi muito mais fluída, com engasgos disfarçados, ao utilizar o modelo específico para jogos.
Ainda é perfeitamente possível jogar sem um monitor externo, contudo, o jogador estará mais suscetível a gargalos e perdas de FPS.
Alan Wake com 30 FPS no PC é tão ruim assim?
Para muitos jogadores, a ideia de jogar no PC é justamente ultrapassar limitações presentes nos consoles — e, durante muitos anos, a taxa de quadros por segundo (FPS) foi a maior representação disso. Enquanto no PlayStation ou Xbox determinados jogos alcançavam apenas 45 FPS no melhor dos casos, suas versões para computador facilmente poderiam ultrapassar 120 FPS ou 240 FPS com fidelidade gráfica muito superior. Essas métricas de desempenho, em suma, significam uma jogatina mais fluída e, discutivelmente, mais imersiva.
Porém, esse conceito está apenas parcialmente completo: além da taxa de quadros por segundo “bruta”, deve-se considerar também a taxa de apresentação de cada quadro — o frametime. Sem delongas, essa métrica indica durante quanto tempo, em milissegundos, um quadro foi exibido na tela. Idealmente, o número deve ser o mesmo entre cada quadro, tendo uma exibição uniforme.
Nos consoles, com uma especificação técnica padrão para todos os modelos, há margem para que os desenvolvedores otimizem esse fator, ironicamente garantindo “30 FPS mais fluídos que os 30 FPS de PC”.
Efeitos de luz de Alan Wake 2 na GTX 1660 Ti.
Conforme dito anteriormente, com essa análise, nossa meta era justamente alcançar 30 FPS jogáveis em Alan Wake 2. Assim, precisávamos alcançar uma taxa de FPS estável, com frametime o mais uniforme possível. Para isso, utilizamos:
- Monitor com FreeSync: garante alinhamento entre a produção de quadros entre a GPU e a exibição nas telas;
- V-Sync: complementa a estabilização na exibição de quadros, ao custo de latência;
- RTSS: tenta suavizar o frametime, com meta de 30 FPS, conversando com a CPU.
Com o cenário técnico inteiramente explicado, finalmente, vamos às nossas impressões! Contudo, caso tenha ficado curioso sobre o tema, temos uma matéria completa explicando as diferenças entre a percepção de FPS nos consoles e no PC — confira clicando aqui!
Alan Wake 2 na GTX 1660 Ti: se abriu, roda
Tudo preparado, chegou a hora de testar Alan Wake 2 com a corajosa GTX 1660 Ti! Apesar da obstinação, para nossa surpresa, o título se comportou muito bem e não exigiu tantos sacrifícios. Há uma excelente disposição de configurações gráficas e, logo de cara, ativamos as mínimas como predefinição.
Em cenas mais simples, atingimos picos de 40 FPS, mas sabendo que isso cairia significativamente em contextos mais agitados, optamos por ativar a trava de 30 FPS e aumentar configurações menos custosas, como texturas e filtragens melhores.
Mesmo com o FSR 2 ajustado para o Modo Desempenho (540p) e a resolução final para 1080p, Alan Wake 2 apresentou uma experiência visual belíssima e bastante fluída — isto é, sem longo tempo de carregamento e engasgos frequentes. A meta de 30 FPS foi alcançada com considerável sucesso, permitindo que jogássemos até o final, com muita satisfação.
É claro, em cenas com muitos efeitos e inimigos, especialmente quando há embates na floresta chuvosa e alagada, o desempenho chegava a visitar os baixos 23 FPS. Nesses momentos, a percepção era similar a um PlayStation 4 encarando um momento mais tenso de Warzone: há uma expressiva queda, mas logo retornando ao usual.
Alan Wake 2 rodando em uma GTX 1660 Ti.
A experiência relatada é apenas uma evidência anedótica, assim, configurações similares podem não alcançar a mesma satisfação de jogabilidade. Além disso, a percepção de cada jogador também tem grande parte na definição do que torna a jogatina aceitável, ou não. Contudo, a mera possibilidade de ter realizado ambas as campanhas com especificações modestas atesta que, apesar de exigente, Alan Wake 2 não é um jogo mal otimizado.
Mesmo com as configurações gráficas no mínimo, Alan Wake 2 manteve uma excelente fidelidade visual, que chega a desafiar títulos modernos em seus maiores ajustes gráficos. Esse feito também atesta a excelente direção artística da Remedy, utilizando de recursos modernos de desenvolvimento para representar trechos surrealistas e enigmáticos.
Talvez muito por isso, os pequenos comprometimentos visuais (como cintilação e sensação de “borrão” em alguns casos) tenham sido compensados pelas decisões no desenvolvimento, tornando a experiência agradável em qualquer modo.
Gráficos de Alan Wake 2 impressionam mesmo na GTX 1660 Ti.
Deixamos claro que poderíamos ir além, caso o foco da análise fosse obter a maior taxa de FPS possível, ajustando o FSR 2 para o Modo de Alto Desempenho ou alterando a resolução final para 720p. Contudo, priorizamos a experiência visual “padrão” o quanto foi possível, tentando se aproximar da jogatina encontrada nos consoles.
Ademais, essa abordagem não permitiu folga para nada além da jogatina. Utilizar softwares internos de captura de vídeo ultrapassaria com facilidade o orçamento de hardware disponível, confirmando que Alan Wake 2 exigiu praticamente todo o desempenho na configuração utilizada. Assim, demos prioridade à captura de imagens estáticas.
E então, valeu a pena jogar Alan Wake 2 na GTX 1660 Ti?
Considerando que nenhuma parte da experiência de Alan Wake 2 foi virtualmente comprometida, afirmamos que foi uma jogatina satisfatória e divertida — mas sabemos que não é para todos os jogadores. Mesmo com toda a beleza gráfica e fluidez de jogabilidade do título, alguns usuários podem se incomodar com as eventuais perdas de quadro, prejudicando sua imersão na narrativa.
Alan Wake 2 é belíssimo, mesmo nas configurações gráficas mínimas, em uma GTX 1660 Ti.
Dessa maneira, é importante ajustar as expectativas e avaliar outros relatos de desempenho antes de categorizar Alan Wake 2 como “jogável” ou “não jogável, por falta de otimização”. Trata-se de um título pesado, exigente, mas que entrega muita qualidade e criatividade visual — e “acessível”, mesmo em PCs modestos com as devidas tecnologias compatíveis.
Como está Alan Wake 2 no PlayStation 5?
Como contraprova, também jogamos Alan Wake 2 no PlayStation 5 e em um PC com uma RTX 4070. Em ambos os casos, como esperado, a fidelidade gráfica e experiência de jogo foi muito mais fluída — garantindo mais conforto e praticidade, especialmente no console.
No PlayStation 5, Alan Wake 2 foi projetado para ser rodado a 30 FPS, no Modo Qualidade. Quando ajustado dessa maneira, a resolução interna é configurada para 1270p, enquanto a resolução de saída é expandida para 2160p via FSR 2. No Modo Desempenho, há uma conversão de resolução de 847p para 1440p, buscando os 60 FPS. Em ambos os casos, assim como no PC, há áreas onde a taxa de quadros cai bem abaixo da meta para cada modo, enquanto ambientes internos rodam tranquilamente dentro do esperado.
Enquanto Alan Wake 2 desafia mesmo os PCs mais poderosos quando suas configurações gráficas são exploradas ao máximo, os consoles conseguem entregar grande fidelidade visual em uma relação superior de custo-benefício. Nesse contexto, se o título é o diferencial que faltava para um upgrade de hardware, talvez valha mais a pena investir em um dos consoles da nova geração!
E aí, curtiu nossas impressões de Alan Wake 2 na GTX 1660 Ti de notebook? Nos conte nas redes sociais do Voxel!