Ganhos humanitários de uma década na região africana do Sahel, na África Ocidental e Central podem ser rapidamente revertidos, colocando em risco a subsistência de milhões de pessoas. Países como Burquina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger são os mais afetados.
O alerta foi feito nesta terça-feira pelo Programa Mundial de Alimentos, PMA, ao fazer um apelo a governos e parceiros para que “protejam programas de reforço da resiliência em comunidades impactadas pela crise” nessas regiões.
Necessidades alimentares e nutricionais
A meta da agência da ONU é ajudar os beneficiários a resistir aos choques e a satisfazer suas necessidades alimentares e nutricionais. O plano de apoio a toda a região carece de US$ 183,1 milhões para os próximos 12 meses.
A piora da fome e subnutrição aumenta a preocupação do PMA devido às alterações climáticas e aos conflitos persistentes. A situação tem levado milhões de pessoas a abandonar seus campos agrícolas e a atravessar fronteiras.
Na região do Sahel vivem 8,2 milhões de deslocados internos devido a conflitos. A violência no Sudão, na República Centro-Africana e na Nigéria forçou mais de 1 milhão de pessoas a entrar no Chade, o quinto maior anfitrião de refugiados do mundo.
Época de escassez de 2024
Uma análise da segurança alimentar prevê que quase 50 milhões de pessoas na África Ocidental e Central não consigam atender as necessidades alimentares básicas na época de escassez, entre junho e agosto de 2024. O aumento é quatro vezes superior em cinco anos.
Para a diretora regional interina do PMA para a África Ocidental, esta é “a hora de intensificar o apoio e não de revertê-lo”. Ela argumenta que “é essencial prestar auxílio básico às comunidades que mais sofrem com a crise”.
Margot Van der Velden destaca que construir comunidades resilientes “é uma solução rentável e sustentável para a insegurança alimentar e a desnutrição no Sahel”.
A representante destaca que à medida que as necessidades aumentam e os fundos humanitários diminuem, é “preciso mais investimento na resiliência comunitária como um caminho para a coesão social e a estabilidade no Sahel”.
O apoio do PMA ao Níger gerou um dos maiores impactos do auxílio internacional, ao beneficiar meio milhão de pessoas e poupar US$ 54 milhões do orçamento do governo para a resposta de emergência durante a época de escassez.