Em um apelo coletivo, os chefes de entidades humanitárias da ONU e de ONGs globais pediram aos líderes mundiais que ajudem a evitar uma piora da crise em Gaza, que já deixou milhares de palestinos mortos, a maioria mulheres e crianças
Desde os ataques do Hamas em 7 de outubro e a ofensiva militar de Israel a Gaza, mais de três quartos da população do enclave foram deslocadas de suas casas. No apelo, eles mencionam a escassez de alimentos, água e saneamento.
“Golpe fatal” nos esforços de ajuda
Além disso, segundo os diretores do Comitê Permanente Interagências, o sistema de saúde continua a ser sistematicamente degradado. O comunicado alerta que os hospitais se transformaram em campos de batalha e 1 milhão de crianças enfrentam traumas diários.
A situação é particularmente difícil em Rafah, no extremo sul de Gaza. Os humanitários afirmam que a cidade, que abriga mais de 1 milhão de pessoas, “tornou-se outro campo de batalha nesse conflito brutal”.
Para eles, uma nova escalada de violência nessa área densamente povoada causaria muitas vítimas e seria um “golpe fatal” em uma resposta humanitária que já “está de joelhos”.
Plano humanitário
Os diretores do Comitê Permanente Interagências destacaram os riscos que os trabalhadores humanitários enfrentam diariamente em seus esforços para ajudar as pessoas necessitada, acrescentando que elas “não podem fazer muito”.
Eles adicionam que diante de tantos obstáculos, como restrições de segurança e de movimento, eles não podem fazer muito. Os diretores enfatizaram que nenhuma quantidade de resposta humanitária compensará os meses de privação que as famílias de Gaza sofreram.
Para fornecer o “mínimo” no enclave, os representantes apresentaram um plano com 10 itens, que começa com a necessidade do cessar-fogo imediato.
A lista inclui a proteção dos civis e da infraestrutura civil, libertação imediata dos reféns, pontos de entrada confiáveis para a ajuda, garantias de segurança e acesso desimpedido, sistema de notificação humanitária em funcionamento, estradas livres de artefatos explosivos e uma rede de comunicação estável.
Além disso, eles pediram que a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, receba os recursos necessários para fornecer assistência e que sejam interrompidas as campanhas que buscam desacreditar a ONU e as organizações não governamentais que estão fazendo o possível para salvar vidas.
De acordo com as redes sociais da Unrwa, mais de 300 ataques impactam 153 instalações da agência.
Os líderes humanitários pedem a “Israel que cumpra sua obrigação legal, de acordo com as leis internacionais humanitárias e de direitos humanos, de fornecer alimentos e suprimentos médicos e facilitar as operações de ajuda, e aos líderes mundiais que impeçam a ocorrência de uma catástrofe ainda pior”.
Negociações
Nesta quinta-feira, o Conselho de Segurança se reúne novamente para debater a questão. O coordenador especial para o processo de paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, alertou que a guerra em Gaza, próxima aos 140 dias, não tem fim à vista.
Ele reforçou que a situação humanitária é chocante, com escassez crítica de alimentos e medicamentos, e um “colapso quase total” da lei e da ordem. A ONU tem um plano de ajuda, mas sua implementação depende de aprovações israelenses para equipamentos essenciais.
Wennesland pediu um cessar-fogo humanitário e a libertação de reféns, enfatizando a necessidade de diálogo em vez de violência. Ele destacou a importância de uma solução política de longo prazo, incluindo um acordo para estabelecer um Estado Palestino, conforme as resoluções da ONU.
O subsecretário-geral de Segurança e Proteção, Gilles Michaud, deve levar uma atualização sobre a segurança e a proteção da equipe da ONU em Gaza em consultas fechadas com os membros do órgão.
Além disso, é esperado que a ex-ministra de relações exteriores, Catherine Colonna, que está liderando a investigação independente sobre a Unrwa, se encontre o secretário-geral da ONU, António Guterres.