Cerca de 11 meses após o início do conflito na Faixa de Gaza, agências humanitárias revelaram nesta segunda-feira os desafios que enfrentam no terreno.
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, anunciou que 2,2 milhões de palestinos ainda estão desprovidos de alimentos e assistência urgente de subsistência.
Ordens de evacuação atrapalham ações
A agência reiterou o apelo ao cessar-fogo destacando que mesmo com o compromisso de entregar ajuda, as ordens de evacuação atrapalham seus esforços de atuação e as necessidades estão aumentando.
A informação foi divulgada no dia que cerca de 630 mil estudantes em Gaza que deveriam retornar à escola não o fizeram por causa dos confrontos.
O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, revela que entre elas estão 45 mil crianças de seis anos que não puderam frequentar o primeiro ano escolar. A grande maioria delas foi desalojada e enfrenta “uma batalha diária pela sobrevivência”.
A agência destaca que o conflito intenso continua a ter um impacto dramático nos alunos, nos professores e nas escolas da Faixa de Gaza.
Prioridade absoluta e urgente ao fim da guerra
Estima-se que 40.972 pessoas já morreram e 94.761 ficaram feridas no conflito em Gaza. Em Israel, pelo menos 1.139 pessoas perderam a vida em ataques encetados pelo Hamas em 7 de outubro. Mais de 200 israelenses e estrangeiros foram feitos reféns nos atos.
Em comunicado, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, pediu “prioridade absoluta e urgente ao fim da guerra” e que seja evitado um conflito regional.
De acordo com o chefe de direitos humanos, “a cada dia, os palestinos lutam para sobreviver” por causa dos confrontos que ditaram o deslocamento de quase 1,9 milhão de pessoas à força, por muitas vezes.
O representante disse que 11 meses depois, 101 reféns israelenses ainda são mantidos reféns em Gaza e que o número real de vítimas pode ser bem maior. Quase 10 mil palestinos estão em prisões israelenses ou em instalações militares ad-hoc.
Operações mortais e destrutivas
Nas detenções que em vários casos são arbitrárias mais de 50 pessoas morreram devido a condições desumanas e maus-tratos. Na Cisjordânia, pioram as operações fatais e destrutivas “em uma escala não testemunhada nas últimas duas décadas”.
Para Turk deve ser largamente abordada a situação mais ampla de ilegalidade em todo o Território Palestino por “políticas e práticas de Israel, como tão claramente explicitado pela Corte Internacional de Justiça, CIJ, em sua Opinião Consultiva em julho.
O chefe de Direitos Humanos diz que os Estados não devem nem podem “aceitar desrespeito flagrante ao direito internacional, incluindo decisões vinculativas do Conselho de Segurança e ordens da CIJ, nem nesta nem em nenhuma outra situação”.
A Agência da ONU para Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, disse que enquanto as equipes médicas continuam fornecendo vacinas contra a poliomielite, sua equipe de saúde mental apoia as crianças com atividades recreativas e jogos.
O tipo de atividade é crucial para ajudar a lidar com o estresse e criar um ambiente mais positivo durante a vacinação. A terceira e última fase da campanha de imunização contra a poliomielite cobrirá cerca de 150 mil crianças a norte de Gaza.