O porta-voz da embaixada da China no Brasil, Li Qi, repudiou declarações de Aaron Keyak, vice-enviado especial dos Estados Unidos para o Monitoramento e Combate ao Antissemitismo. Em entrevista à Folha, Keyak afirmou que a China deixa conteúdo contra judeus se disseminar nas redes sociais chinesas e usa o antissemitismo como ferramenta diplomática.
“O fato de um oficial estadunidense, em visita ao Brasil, espalhar acusações infundadas e caluniosas contra a China expõe a sua intenção maligna de desviar a atenção para abdicar-se das devidas responsabilidades que deveriam ser assumidas’, disse Li.
Na entrevista, Keyak disse que na China, “onde não há liberdade de expressão, estão permitindo que esse sentimento [antissemitismo] se desenvolva”. Segundo o americano, “quando um país como a China e um líder como Xi Jinping acham que essa seja uma ferramenta útil em um kit diplomático, isso não é problemático só do ponto de vista multilateral ou bilateral. O maior problema de usar o antissemitismo como uma ferramenta diplomática para impulsionar seus objetivos de política externa é que os judeus acabam se machucando no final.”
Abaixo, a íntegra da nota enviada à Folha:
“Em recente visita ao Brasil, oficial do Departamento de Estado dos Estados Unidos fez em público declarações equivocadas, alegando que a China “usa o antissemitismo como uma ferramenta diplomática”. São afirmações que distorcem a realidade e criam desinformação, cujo objetivo é enganar a opinião pública e difamar a China. Por isso, manifestamos o nosso veemente repúdio a essas declarações.
A situação palestino-israelense tem sido o foco da tensão do mundo inteiro. A tarefa mais urgente neste momento é promover um cessar-fogo, proteger os civis e evitar uma crise humanitária ainda mais grave, o que também ecoa como um apelo da comunidade internacional. Na questão palestino-israelense, a China sempre tem se posicionado ao lado da paz, da justiça e da consciência moral da humanidade.
Desde o início deste recente conflito há mais de dois meses, a China manteve comunicações intensas com todas as partes envolvidas, engajou-se ativamente nas negociações do Conselho de Segurança da ONU, e promoveu a aprovação de uma resolução no órgão durante a presidência chinesa.
Enquanto isso, publicou o ‘Documento sobre a Posição da China para a Resolução do Conflito Palestino-Israelense’, no qual foram propostas sugestões em cinco aspectos: promover um cessar-fogo abrangente, proteger os civis de forma eficaz, assegurar a ajuda humanitária, intensificar a mediação diplomática e implementara solução de ‘dois Estados’. Essa posição justa da China tem sido amplamente elogiada pela comunidade internacional, que aprecia o papel importante da China na manutenção da paz e da estabilidade no Oriente Médio.
A China gostaria de continuar a intensificar a coordenação com o Brasil e as demais partes para buscar consenso, trabalhar pela paz e defender a justiça. A China sempre defende o respeito mútuo, a inclusão e o aprendizado recíproco entre diferentes civilizações, opondo-se a todas as formas de extremismo e discriminação étnica.
No que diz respeito à liberdade de expressão, os Estados Unidos sempre adotam duplos critérios e, por isso, não têm a prerrogativa de tecer críticas às outras. O fato de um oficial estadunidense, em visita ao Brasil, espalhar acusações infundadas e caluniosas contra a China expõe a sua intenção maligna de desviar a atenção para abdicar-se das devidas responsabilidades que deveriam ser assumidas propriamente. Temos plena confiança de que a sociedade brasileira é capaz de fazer o seu julgamento objetivo e justo, e que quaisquer tentativas de manipular a opinião pública com intenções escusas serão rejeitadas pelo povo e acabarão sendo inúteis.”