Nicolás Maduro, ditador da Venezuela, acusou o governo dos Estados Unidos (EUA) de incentivar a Guiana a provocar o país vizinho em meio à disputa entre ambos os países pelo território de Essequibo. Maduro disse que Washington não deve interferir nas discussões.
“Tiraram o presidente da Guiana do cargo, porque ontem ele disse que os EUA têm as tropas prontas para fazer uma guerra contra a Venezuela. Fazem uma promessa à Guiana, encorajam-na a fazer uma provocação contra a Venezuela e depois a deixam sozinha”, disse o ditador venezuelano na noite de segunda-feira 4.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, ainda não há registro de que o presidente da Guiana, Irfaan Ali, tenha feito declarações sobre ajuda militar norte-americana.
Durante o discurso proferido no Palácio de Miraflores, Maduro foi aplaudido pela plateia. O ditador gravava o programa estatal Con Maduro Más. Essa atração da emissora estatal venezuelana transmite o ditador semanalmente por três horas, durante as quais Maduro comenta atualidades do país.
Influência dos EUA
A declaração de Maduro contra os EUA foi uma resposta ao porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller. O oficial norte-americano havia dito que a disputa pelo território não pode ser resolvida em um plebiscito.
De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, 96% dos eleitores que foram às urnas no domingo 3 apoiaram a ideia de anexar parte do território da Guiana à Venezuela. A área do país vizinho que interessa Maduro é altamente rica em petróleo.
“Pedimos à Venezuela e à Guiana que continuem procurando uma solução pacífica para a sua disputa. Isso não é algo que possa ser resolvido por meio de um plebiscito”, afirmou Miller durante uma entrevista coletiva na segunda-feira 4. “O governo de Joe Biden respeita a atual fronteira enquanto não haja um acordo entre as partes ou de um órgão competente”, completou o norte-americano.
No mesmo dia do plebiscito da Venezuela, Irfaan Ali, o presidente guianense, discursou à população pedindo à Venezuela para respeitar a decisão da Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda.
O Tribunal de Haia havia dito — dois dias antes do referendo — que a Venezuela não deve tomar nenhuma atitude que possa modificar a situação atual da região.
Segundo a imprensa local, o presidente da Guiana teria dito que conta com o apoio de parceiros internacionais.