A região africana do Sahel continua precisando de auxílio urgente para pessoas em movimento, destacou a alta comissária adjunta para a Proteção da Agência da ONU para os Refugiados, Acnur.
Após visitar o Mali eTogo, Ruvendrini Menikdiwela elogiou a abertura de fronteiras para acolher pessoas da região e a defesa dos princípios de asilo. Ela alertou, no entanto, que foi coberta apenas uma fração dos fundos necessários.
Burquina Fasso, Mali e Níger
O Acnur estima que sejam necessários US$ 331,4 milhões neste ano para apoiar as operações da agência na área do Sahel Central, que abarca o Burquina Fasso, Mali e Níger. Outra meta é dar resposta às necessidades urgentes dos deslocados.
Até o final de fevereiro, o valor para financiar o tipo de atuação totalizou apenas 16%, numa situação que “coloca em risco a continuidade dos serviços essenciais”.
Somente o Mali acolhe 1,1 milhão de refugiados e candidatos a asilo que atravessaram as fronteiras da região para fugir de guerras, perseguições e outras situações de perigo, tanto no Sahel como em outras áreas africanas.
Estima-se que um total de 4,8 milhões de pessoas chegaram recentemente ao Sahel, após terem sido forçadas a fugir das suas casas em busca de segurança.
Registro de refugiados
A agência da ONU elogiou as autoridades malianas pela oferta dos “mesmos direitos que seus cidadãos” aos refugiados logo após seu registro, incluindo o acesso a serviços como saúde e educação.
A representante do Acnur destacou, no entanto, que este tipo de atendimento humanizado pode tornar-se cada vez mais raro na região “se não houver apoio internacional imediato e sustentado”.
Tanto o Mali como outros países da região estão “sob pressão extrema” devido ao deslocamento forçado. A situação carece de um “apoio imediato e adicional” para se evitar que haja um agravamento ainda maior da crise humanitária.
Ruvendrini Menikdiwela ressaltou que os riscos são alarmantes em países como o Mali e seus vizinhos, muitos deles enfrentando crises internas de deslocamento.
Preservação de direitos e dignidade
Para ela, os atuais “tempos difíceis” carecem de ação imediata pela segurança e pelo bem-estar das pessoas em movimento, preservando seus direitos e dignidade. O Acnur fala ainda de um aumento significativo da violência de gênero na região.
O território maliano acolhe atualmente cerca de 66.793 refugiados, mesmo enfrentando necessidades urgentes para lidar com mais de 354 mil deslocados internos.
Nos últimos três meses, o Mali acolheu mais de 40 mil pessoas originárias somente de Burquina Fasso. Elas fugiram da turbulência e da instabilidade no país da África Ocidental.
O Sahel é marcado por conflitos, pelo aumento dos preços e pela redução da ajuda humanitária, adicionados às tensões regionais devido aos efeitos das alterações climáticas.