O primeiro-ministro Marcel Ciolacu está na frente no primeiro turno de uma eleição presidencial no domingo (24) na Romênia, com a líder de centro-direita Elena Lasconi em segundo lugar, embora quase empatada com dois adversários de extrema-direita, mostraram as pesquisas de boca de urna.
Os dois primeiros colocados se enfrentarão no segundo turno da votação em 8 de dezembro.
O atual presidente Klaus Iohannis, no cargo desde 2014, foi reeleito em 2019 e não pode mais concorrer. Iohannis se candidatou neste ano ao cargo de secretário-geral da Otan mas, por falta de apoio político, abriu mão da disputa em junho. O escolhido foi o então primeiro-ministro holandês Mark Rutte.
As pesquisas de boca de urna mostraram Ciolacu com 25% e Lasconi com 18%, enquanto Calin Georgescu e George Simion, os dois candidatos de extrema-direita, estavam com 16% e 15% dos votos.
Os dados não incluem os votos de centenas de milhares de romenos que vivem no exterior, que ainda podem influenciar o resultado. Tanto Simion quanto Lasconi são populares entre os romenos no exterior.
Os resultados das pesquisas de boca de urna após o primeiro turno da eleição presidencial na Romênia foram apertados, disse a líder da oposição de centro-direita Elena Lasconi no domingo, acrescentando que aguardaria os resultados preliminares de segunda-feira para comemorar.
Analistas previram que o social-democrata Ciolacu venceria um segundo turno contra Simion, que havia sido seu principal concorrente nas pesquisas de opinião antes da votação. Ciolacu destacou sua experiência em governar a Romênia durante uma guerra na vizinha Ucrânia. No entanto, dizem que ele pode ter dificuldades contra Lasconi, uma ex-jornalista de 52 anos e prefeita de Câmpulung, cidade com pouco mais de 25 mil habitantes.
O partido de Ciolacu, herdeiro do antigo Partido Comunista, tem marcado a vida política do país por mais de três décadas, apesar de sofrer vários escândalos de corrupção. Atualmente governa em coalizão com os liberais do PNL.
Simion, líder do partido de extrema-direita AUR (Aliança pela Unidade dos Romenos), buscou capitalizar a frustração dos romenos empobrecidos por uma inflação recorde (10% em 2023, 5,5% previstos em 2024).
Uma chegada ao segundo turno de Simion, que costuma fazer discursos com tons místicos e conspiratórios, representaria um forte impacto no país. Com 19 milhões de habitantes, a Romênia resistiu até agora às posturas nacionalistas de países como Hungria ou Eslováquia. As eleições, nesse sentido, são cruciais, embora o cargo de presidente seja principalmente cerimonial.
Simion, que usava um boné vermelho com as iniciais do presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump na campanha, não esconde sua admiração pelo bilionário.
O político defende uma Romênia “mais patriótica”, é contra a ajuda militar a Kiev, que o baniu por suas atividades “anti-ucranianas”, chama Bruxelas de “bolha corrupta” e se opõe aos direitos LGBTQIA+. Simion também foi acusado de se reunir com espiões russos, o que ele nega.
A Romênia, que compartilha 650 km de fronteiras com a Ucrânia e faz fronteira com o Mar Negro, tem um papel estratégico “chave” para a OTAN (abriga mais de 5.000 soldados) e para o trânsito do grão ucraniano, destaca o think tank New Strategy Center.
Desde o início da guerra na Ucrânia, as eleições no leste europeu são um termômetro para o sentimento pró-Putin na região.
No começo de novembro, a Moldova reelegeu a presidente pró-ocidente Maia Sandu contra um candidato a favor de Vladimir Putin. Os eleitores do país, onde a maior parte da população fala romeno, também aprovaram, por uma margem de 0,7% dos votos, a inclusão na constituição federal de um plano futuro para entrar na União Europeia.