Dragon Quest III é um clássico absoluto e um jogo que já estava bem à frente de outros JRPGs quando foi lançado originalmente no final dos anos 1980 no Nintendinho. Ele até recebeu um remake para o Super Nintendo na década de 1990, que foi disponibilizado em outras plataformas mais modernas ao longo dos anos, mas seus sistemas e visual datados sempre foram grande impedimento para que novos jogadores pudessem apreciar a obra.
Felizmente, o remake Dragon Quest III HD-2D está aqui exatamente para reverter isso e fazer com que mais pessoas conheçam uma das aventuras mais icônicas da franquia. Nós tivemos a oportunidade de testar Dragon Quest III HD-2D nas últimas semanas e te contamos com detalhes tudo o que achamos na análise logo a seguir!
Um remake de respeito
Acho importante frisar bem de início que esse é um remake bem fiel de Dragon Quest III, só que com o visual renovado, certas novidades interessantes e algumas melhorias de qualidade de vida. Então, se você já é um grande fã desse jogo ou mesmo da franquia Dragon Quest, eu diria logo de cara que esse remake vale muito a pena e é, na minha opinião, a maneira definitiva de aproveitar Dragon Quest III atualmente. Já sabendo disso, você pode acompanhar o resto dessa análise para saber mais sobre os detalhes ou até para sanar dúvidas se ainda não souber se esse é o tipo de jogo que gostaria de adquirir.
Para começar, vale falar do estilo HD-2D, que a Square Enix popularizou com Octopath Traveler e que realmente dá um novo sopro de vida à Dragon Quest III, mesmo para aqueles que já o conhecem muito bem. Na minha opinião, a mistura de gráficos modernos em 3D com os sprites em 2D dos personagens e criaturas é perfeita e deixa o jogo muito charmoso. Rever os cenários e cidades nessa nova modelagem é uma experiência incrível e que acho que vai agradar até aqueles que verão o game pela primeira vez na vida diretamente nessa versão.
Aproveitando a deixa, vale dizer que joguei no PS5 no modo qualidade para aproveitar a beleza do visual ao máximo, mas a performance continuou muito boa e sem engasgos para mim. Não sei como o jogo vai se sair nesse quesito em PCs mais modestos ou no Nintendo Switch, mas o título não me parece tão exigente e imagino que ele ofereça uma experiência bem tranquila em todas as plataformas.
Como já era o caso no game original, a trilha sonora continua impecável em todos os momentos, com a vantagem de ter sido regravada de forma orquestrada nesse remake. Assim como tantos RPGs da época, a música é até o ponto alto em diversas ocasiões e nunca se torna repetitiva ou exaustiva. Também temos a novidade de que várias falas foram dubladas, mas só em cutscenes e outros momentos chave da trama.
Tempos modernos
Falando em novidades, muitos jogadores, veteranos ou não, vão gostar de saber que Dragon Quest III HD-2D conta com um pouco de conteúdo inédito e opções que deixam o gameplay ainda melhor nos tempos atuais. Agora você pode acelerar o tempo das batalhas, por exemplo, algo extremamente necessário tendo em vista a quantidade gigantesca de encontros com inimigos durante todo o game. Ao selecionar as velocidades “rápida” ou “ultra-rápida”, todas as ações e animações são aceleradas, o que por si só deixa o game bem mais acessível e tolerável hoje em dia. Também dá para pular qualquer diálogo ou cutscene, algo perfeito se estiver jogando a partir da segunda vez.
O combate em turno do jogo em si não mudou tanto, mas você pode dar ordens diretas para todos os membros da sua party. Isso também torna a experiência bem mais agradável, já que mesmo no modo normal, o game tende a oferecer um bom desafio para aqueles que não são tão fãs de grindar para subir de nível mais rápido. Caso esteja achando muito difícil ou muito fácil, dependendo da sua experiência prévia com Dragon Quest, dá para mudar a dificuldade a qualquer momento.
Outro aspecto que fica nas suas mãos é a formação do seu grupo, que não é composto por companheiros específicos como em outros JRPGs, mas sim de aventureiros que você recruta na sua cidade natal. Eles podem ser pré-criados pelo game ou podem ser feitos do zero por você. O jogo sempre funcionou assim, mas agora há mais opções de como personalizar esses companheiros, já que você tem mais controle sobre a personalidade e aparência deles. Mesmo os pré-criados pelo jogo podem mudar de vocação, personalidade e visual mais tarde, algo até requerido se quiser ter acesso às classes mais fortes com habilidades de outras vocações.
Em questão de conteúdo inédito, você contará com tudo o que o primeiro remake de Super Nintendo já tinha, mas com a adição de uma nova classe, o Monster Wrangler, e uma mudança importante para a Monster Arena. No jogo original, você só podia ir à Arena para apostar em batalhas de monstros, mas nessa nova versão, é possível encontrar diversos monstros amigáveis pelo mundo, recrutá-los e colocá-los para lutar contra outros monstrinhos. Não dá para dar ordens diretas a eles, mas é possível direcionar qual tática eles devem adotar no campo de batalha.
Embora sejam adições menores, essa parte do Monster Arena definitivamente te deixa mais curioso para explorar várias partes do continente e encontrar os monstros amigáveis. Também é bem legal que é necessário usar táticas diferentes para alguns tipos de monstros, o que até dá uma funcionalidade extra para a classe Monster Wrangler. Além disso, lutar na Monster Arena é bem divertido e te garante dinheiro e equipamento extra conforme for ganhando as batalhas.
Certas coisas nunca mudam
Mesmo que existam novidades e várias melhorias visuais e de gameplay, nós temos que ter noção de que esse ainda é um jogo da época do Nintendinho. Isso se torna bem óbvio pela trama extremamente simples, que consiste de um heroi indo terminar o trabalho que seu pai começou há uma década, contra uma grande força do mal. É claro que há algumas viradas, momentos surpreendentes e até um desenvolvimento legal no arco do protagonista, mas sempre dá para perceber que se trata de um game com mais de 35 anos.
Mesmo que você precise ser estratégico no combate, o gameplay também é mais simples e o fato de precisar grindar ou até ter que enfrentar dezenas e dezenas de monstros quando só está tentando atravessar uma caverna pode ser muito tedioso e se revela um design mais datado. Para deixar claro, eu já esperava isso e acredito que a maioria das pessoas interessadas em comprar Dragon Quest III HD-2D também sabe disso tudo. Eu só faço questão de lembrar desse fato para deixar claro que, apesar de ainda ser um jogo muito divertido, Dragon Quest III ainda mostra sua idade em diversos fatores que só poderiam ter sido alterados se o game fosse realmente refeito do zero e não tivesse essa intenção de ser totalmente fiel ao original.
Vale a pena?
Não há como negar que me diverti muito com Dragon Quest III HD-2D, mas você tem que ter em mente que sou muito fã da franquia e de JRPGs no geral, então vários dos pontos que podem ser tediosos ou chatinhos para muitos, me incomodam bem pouquinho. Na minha percepção, a trama e gameplay simples, o combate por turno e os frequentes encontros aleatórios com inimigos podem ser grandes pontos negativos para muita gente que não tem tanta paciência com o estilo de JPRGs mais antigos, então vale levar isso em consideração se for o seu caso.
O que eu posso dizer é que esse é um daqueles jogos que vale a pena dar uma chance mesmo nessas ocasiões. Eu sei que o preço dele é bem salgado, então se estiver muito em dúvida, eu recomendaria esperar uma promoção ou experimentar uma demo antes de comprar, caso a Square Enix disponibilize uma no futuro, é claro.
No geral, eu acho que as mudanças e novidades foram o suficiente para deixar o game bem mais agradável nos dias atuais, sem falar no visual incrível proporcionado pelo HD-2D e a inesquecível arte de Akira Toriyama. Fora isso, acho que se der uma chance à Dragon Quest III HD-2D, vai se surpreender demais com o quanto ele foi inovador e com tudo que foi capaz de entregar como um pequeno jogo de Nintendinho em 1988 e, agora, novamente em 2024.
Nota do Voxel: 86
Pontos positivos:
- O visual HD-2D modernizou o jogo e lhe deu um charme extra;
- Muitas cutscenes e momentos importantes foram dublados;
- Mesmo com o gameplay simples, o combate continua desafiador e divertido;
- As melhorias e novidades são todas muito boas.
Pontos negativos:
- Alguns aspectos evidenciam o quanto o game pode ser datado;
- Grindar por níveis é necessário e tedioso;
- Não possui localização em nosso idioma.
Dragon Quest III HD-2D tem versões para Nintendo Switch, PS5, PC, Xbox Series S e X. Uma cópia do game para o console da Sony foi cedida pela Square Enix para review aqui no Voxel.
O que achou da análise? Confira, a seguir, outras reviews feitas por mim, Luciana Anselmo, aqui no Voxel!
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