Em resposta a um comentário do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o republicano Donald Trump se vestiu como um trabalhador de coleta de resíduos e entrou na cabine de um caminhão de lixo, na quarta-feira (30), para tentar convencer eleitores no estado-chave de Wisconsin que os democratas acreditam que aqueles que votam nele são desprezíveis.
Trump afirmou que “250 milhões de americanos não são lixo” ao criticar o que considera uma postura depreciativa dos democratas, destacando a mais recente reviravolta no debate sobre Porto Rico. O republicano não especificou como chegou a esse número de eleitores, mas é possível inferir que ele se refere à totalidade dos americanos, deduzindo, portanto, que todos votariam nele na próxima terça-feira (5).
A encenação de Trump foi uma reação a uma declaração de Biden, que, segundo o presidente, foi uma tentativa de repreender um comediante por comentários racistas feitos em um comício organizado por Trump no Madison Square Garden, em Nova York, no último fim de semana.
A piada considerada racista foi feita pelo humorista Tony Hinchcliffe, que se referiu a Porto Rico como uma “ilha de lixo flutuante”, fez gestos irônicos ao afirmar que “espera imigrantes de braços abertos” e comentou, de forma vulgar, que latinos “gostam de fazer bebês”.
Durante uma ligação organizada pelo grupo Voto Latino na terça (29), o presidente fez uma fala confusa. “Outro dia, um orador no comício dele chamou Porto Rico de uma ilha flutuante de lixo. Bem, deixa eu te dizer uma coisa, eu não conheço o porto-riquenho que eu conheço, o Porto Rico de onde eu sou… no meu estado natal de Delaware. Eles são pessoas boas, decentes e honradas”, disse Biden.
Em seguida, ele afirmou que “o único lixo que vejo flutuando por aí são os apoiadores dele”. “A demonização dos latinos por parte dele é inconcebível e antiamericana. É totalmente contrária a tudo o que fizemos, a tudo o que somos”, completou.
Os comentários foram imediatamente comparados à declaração de Hillary Clinton quando disputava a Casa Branca em 2016. Na época, a democrata comparou os eleitores de Trump a um “saco de deploráveis”. A fala é vista até hoje como um dos maiores erros de sua campanha.
Mas Trump e seus aliados aproveitaram as palavras de Biden para argumentar que a candidata democrata Kamala Harris não é sincera em seu compromisso de ser uma presidente para todos os americanos, mesmo para aqueles que não votam nela.
Em uma visita à cidade de Green Bay —região republicana de Wisconsin, um estado-pêndulo onde as pesquisas indicam uma disputa acirrada—, Trump enfatizou o ponto ao dispensar seu paletó normal e vestir um colete laranja reflexivo para um discurso em uma arena lotada de seus apoiadores de boné vermelho.
“Nesta semana, Kamala tem comparado seus oponentes políticos aos mais malignos assassinos em massa da história, e agora, falando em uma ligação para sua campanha, o corrupto Joe Biden finalmente disse o que ele e Kamala realmente pensam de nossos apoiadores. Ele os chamou de lixo. De jeito nenhum!”, disse Trump.
A gafe de Biden a uma semana da eleição deixou a campanha de Kamala em estado de alerta.A Casa Branca se apressou para afirmar que o presidente não estava criticando os apoiadores do empresário, mas, sim, os comentários racistas feitos por Hinchcliffe no domingo.
Em seguida, o presidente tentou minimizar o ocorrido em suas redes sociais, afirmando que havia se referido à retórica odiosa sobre Porto Rico.