As autoridades de Xangai, na China, limitaram o uso de fantasias de Halloween para evitar uma nova aglomeração como a do ano passado, quando algumas pessoas usaram roupas com mensagens políticas.
No sábado (26), a polícia deteve pessoas fantasiadas na rua Julu, centro das celebrações do Dia das Bruxas no ano passado em Xangai, e as levou a um prédio administrativo para remover a maquiagem e ajustar as roupas.
As autoridades haviam montado barreiras improvisadas na sexta à noite na região para evitar uma repetição das multidões se reunindo na mesma via.
Um estudante de 22 anos que não quis se identificar disse que ele e colegas usavam chapéus e orelhas de gato, e os agentes lhes teriam dito: ‘Você não pode fazer isso este ano, a menos que vá para a Disney ou algo assim'”, disse um estudante de 22 anos que não quis se identificar. Ele afirmou que foi levado para o prédio e obrigado a desfazer a fantasia. O processo levou meia hora, afirmou, devido à fila de pessoas trazidas pelas autoridades. Um segurança dentro do prédio confirmou que os adereços não seriam permitidos este ano.
Em 2023, a aglomeração de Halloween foi vista como um desabafo de expressão após os anos de lockdown pela Covid. Havia uma ampla repressão a qualquer discussão sobre os esforços do regime para eliminar o vírus.
As fantasias em Xangai no ano passado incluíam trajes de proteção —uma referência satírica à política de “zero Covid”— e figuras políticas da história da China. Suas imagens se tornaram virais nas redes sociais.
No sábado (26), mesmo com garoa, a rua Julu ainda atraiu um grande número de jovens, mas fantasias eram raras e, em muitos casos, consistiam apenas em um pequeno item, como uma gravata. Nos últimos dias, circularam rumores nas redes de que o cosplay —prática de se vestir como personagens de jogos ou filmes— não seria permitido, embora não houvesse um anúncio oficial.
Uma mulher disse que comprou uma “capa de bruxa” em preparação para o Halloween, mas não se sentiu à vontade de usá-la por causa da repressão planejada. Outro par de jovens mulheres vestidas de forma extravagante disse que não sabia quais roupas eram permitidas.
A polícia no local se recusou a responder perguntas. “Não há porquê”, disse um em resposta a uma pergunta sobre por que as barreiras foram colocadas.
Um representante do Escritório de Informação de Xangai disse em comunicado que atividades festivas “não devem afetar a ordem pública”. “Realizamos orientações necessárias e gerenciamento ordenado em algumas áreas movimentadas da cidade, inteiramente para garantir o tráfego tranquilo, a ordem pública e a segurança dos cidadãos.”