O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso neste sábado (17), durante reunião da União Africana, na Etiópia, em que defendeu a ampliação das parcerias econômicas com países africanos. O chefe do executivo disse que o Brasil tem uma “dívida histórica” com o continente em razão dos 300 anos de escravidão no país.
“Sem os países em desenvolvimento, não será possível a abertura de novo ciclo de expansão mundial que combine crescimento, redução da desigualdade e preservação ambiental com ampliação das liberdades”, declarou o presidente.
Neste sábado, Lula continua sua agenda na Etiópia. Com seu respaldo, a Cúpula da União Africana aderiu ao G20 em 2023, sob a liderança do Brasil. A abertura do evento aconteceu em Adis Abeba, capital etíope.
A União Africana reúne 55 países do continente e, em 2023, passou a integrar permanentemente o G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, responsável por mais de 80% da economia global.
Durante seu discurso, Lula cobrou uma reorganização da governança global, visando dar mais voz aos países da África e América Latina, e também defendeu uma aliança global contra a fome. “Vamos trabalhar juntos para capacitar a África na produção de alimentos e na adoção de energia limpa e renovável”, afirmou.
Lula na África
Lula ainda enfatizou que já fez mais de 20 visitas ao país africano ao longo de sua vida e que esta é a segunda vez que ele visita a África durante seu terceiro mandato.
“O Brasil, historicamente, negligenciou o continente africano. Durante muitos anos, nossos líderes governaram olhando apenas para os Estados Unidos e Europa. A América do Sul mal era considerada, e a África ainda menos. Temos uma dívida histórica de 300 anos de escravidão, e a única forma de pagar é com solidariedade e com muito amor”, argumentou.
O presidente também criticou os países ricos, pedindo apoio a uma reforma urgente no sistema de governança global. “O desenvolvimento não pode continuar sendo privilégio de poucos. Só um projeto social inclusivo nos permitirá ter sociedades prósperas, livres, democráticas e soberanas”, afirmou o presidente.
Destaque para a proteção ambiental
Durante seu discurso, Lula afirmou o compromisso do Brasil em apoiar as discussões sobre o Pacto Digital Global na Organização das Nações Unidas durante a presidência do G20. Por outro lado, o chefe de estado ressaltou a importância da proteção das duas maiores florestas tropicais do mundo, a Amazônica e a do Congo, enfatizando que o Brasil desempenha um papel crucial na agenda climática.
“O imperativo de proteger as duas maiores florestas tropicais do mundo, a Amazônica e a do Congo, nos torna protagonistas na agenda climática. Os instrumentos internacionais hoje existentes são insuficientes para recompensar de forma eficaz a proteção das florestas, sua biodiversidade e os povos que vivem”, argumentou.
Lula propôs a recuperação de áreas degradadas para estabelecer um verdadeiro cinturão verde de proteção das florestas do Sul Global.
Agenda de Lula na Etiópia
Mais cedo, o presidente brasileiro teve um encontro de aproximadamente 1 hora com o primeiro-ministro da Palestina, Mohammad Shtayyeh. Além disso, está agendada uma reunião bilateral com o presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi.
Ainda neste sábado, Lula também participará de um almoço em homenagem às autoridades presentes na Cúpula da União Africana, oferecido pelo primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, e pelo presidente da Comissão da União, Moussa Faki Mahamat.
Inicialmente programado, o encontro de Lula com o secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, foi cancelado porque ele suspendeu a viagem a Adis Abeba.