A ONU Mulheres estima que 9 mil mulheres foram mortas pelas forças israelenses desde o início da guerra na Faixa de Gaza, há quase cinco meses. A agência alerta que o número pode ser ainda maior, já que há outros mortos sob os escombros.
A agência das Nações Unidas avalia que o conflito no enclave “também é uma guerra contra as mulheres”, que continuam a sofrer seus impactos. Em comunicado, a entidade afirma que mulheres estão sendo mortas e feridas a um ritmo sem precedentes.
63 mulheres mortas por dia
A ONU Mulheres alerta que sem o fim da violência, cerca de 63 mulheres podem ser mortas diariamente. Os dados da entidade apontam que 37 mães são mortas a cada dia, deixando as famílias desamparadas e filhos em vulnerabilidade.
Esta semana, as agências da ONU alertaram o Conselho de Segurança sobre a fome iminente em Gaza, onde toda a população, 2,3 milhões de pessoas, enfrentará em breve níveis agudos de insegurança alimentar, a maior proporção já registrada.
Uma avaliação da ONU Mulheres com 120 mulheres, realizada no mês passado, revelou que a maioria, 84%, disse que sua família come metade ou menos do que comia antes do início da guerra.
Embora as mães e as mulheres adultas tenham a tarefa de obter alimentos, são elas que comem por último e cada vez menos. A maioria das mulheres indicou que pelo menos uma pessoa de sua família teve de pular refeições na semana anterior.
Segundo a ONU Mulheres, em 95% desses casos, são as mães que ficam sem comer, pulando pelo menos uma refeição para alimentar seus filhos.
Cerca de nove em cada dez mulheres também relataram que é mais difícil ter acesso a alimentos do que os homens. Algumas estão agora recorrendo à busca de alimentos sob escombros ou em lixeiras.
Cessar-fogo humanitário
Enquanto isso, 10 das 12 organizações de mulheres em Gaza relataram estar parcialmente operacionais, de acordo com um relatório da ONU Mulheres sobre os aspectos de gênero do conflito, publicado em janeiro.
A agência alerta que, a menos que haja um cessar-fogo humanitário imediato, muitas outras pessoas morrerão nos próximos dias e semanas. Segundo a ONU Mulheres, a matança, os bombardeios e a destruição da infraestrutura essencial em Gaza precisam parar e a ajuda humanitária deve entrar e atravessar o enclave imediatamente.
10 crianças morreram de fome
Na última semana, a Organização Mundial de Saúde, OMS, registrou a 10a criança que morreu de fome na Faixa de Gaza. Segundo o porta-voz da agência, Christian “os números não oficiais podem, infelizmente, ser mais altos”.
A crise de insegurança alimentar na Faixa de Gaza atingiu proporções alarmantes, com um em cada quatro habitantes enfrentando níveis catastróficos de escassez de alimentos, segundo o Escritório de Coordenação de Ajuda Humanitária das Nações Unidas, Ocha.
Na última quinta-feira, a comunidade internacional ficou alarmada quando mais de 100 palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos ao buscar assistência de um comboio de socorro que estava parado em uma rotatória ao sudoeste da Cidade de Gaza.
O incidente foi condenado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que também solicitou uma investigação independente. A condenação foi repetida por outras autoridades da ONU, incluindo o chefe humanitário, Martin Griffiths, em meio a relatos de intensos e contínuos bombardeios israelenses por ar, terra e mar em grande parte da Faixa de Gaza.