Este é um dos temas abordados na 6ª. sessão da Assembleia Ambiental das Nações Unidas, Unea-6, realizada de 26 de fevereiro a 1º de março de 2024 na sede do Pnuma em Nairóbi, Quênia.
Todos sabemos que estamos no meio de uma crise climática: as temperaturas estão subindo, clima está se tornando mais extremo e gerando um efeito negativo sobre a economia, meio ambiente e sociedade.
Embora muitos argumentem que não estamos agindo com rapidez suficiente para lidar com a emergência climática, o setor de energia está começando a utilizar fontes mais limpas, como a solar e a eólica.
No entanto, para alimentar um mundo com baixas emissões, precisaremos extrair muito mais minerais e esse processo causa impactos ambientais. Confira o que você deve saber sobre “minerais de transição energética” e como podemos limitar os danos causados ao retirá-los do solo.
1. Minerais de transição energética: o que são e onde são encontrados
Os minerais de transição são substâncias que ocorrem naturalmente e são ideais para uso em tecnologia renovável. O lítio, o níquel e o cobalto são componentes essenciais das baterias, como as que alimentam os veículos elétricos. Os elementos fazem parte dos ímãs que giram as turbinas eólicas e os motores elétricos. O cobre e o alumínio são usados em grandes quantidades nas linhas de transmissão de energia.
Eles são encontrados em rochas em todo o mundo, mas alguns países e empresas controlam sua extração. A China extrai a maior parte dos materiais raros, a Indonésia extrai a maior parte do níquel e a República Democrática do Congo produz a maior parte do cobalto. Muitos minerais de transição energética também são encontrados em um grupo de países em desenvolvimento sem acesso à terra, alguns dos quais estão entre as nações menos desenvolvidas do mundo.
2. Mercado de minerais para transição energética está crescendo
A mudança para um sistema de energia limpa levará a um enorme aumento na necessidade desses minerais. Entre 2017 e 2022, a demanda por lítio triplicou, a demanda por níquel aumentou 40% e a demanda por cobalto cresceu 70%, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
Para que o mundo adote totalmente a energia renovável e acabe com emissões de gases de efeito estufa, o uso de minerais de transição energética precisará aumentar seis vezes até 2040. Isso elevaria o valor de mercado dos minerais de transição para mais de US$ 400 bilhões.
3. Economias dos países ricos em minerais poderiam se beneficiar
Com políticas e salvaguardas eficazes, a extração dessas substâncias poderia dar início a uma nova era de desenvolvimento sustentável, criando empregos e ajudando os países a reduzir a pobreza. “Para alguns países, os minerais de transição energética podem ser absolutamente transformadores, sob as condições certas”, diz Ligia Noronha, secretária-geral assistente das Nações Unidas e chefe do escritório de Nova York do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma.
4. Há várias preocupações
“Não podemos repetir os erros do passado com uma exploração sistemática dos países em desenvolvimento reduzidos à produção de matérias-primas básicas”, alertou recentemente o secretário-geral da ONU, António Guterres. Grupos de direitos humanos alertaram sobre abusos em todo o setor, inclusive em minas de países em desenvolvimento. Também houve relatos de trabalho forçado em alguns locais.
A mineração pode prejudicar o meio ambiente se for feita de forma insustentável, levando ao desmatamento, à poluição da água e ao que é conhecido como desidratação. Só para citar um exemplo, são necessários dois milhões de litros de água para extrair uma única tonelada de lítio. Mas cerca de 50% da produção global de cobre e lítio estão concentrados em áreas com escassez do recurso.
5. ONU está trabalhando para garantir a mineração sustentável de minerais
Um esforço de toda a ONU está em andamento para garantir que os minerais da transição energética sejam gerenciados de forma justa e sustentável. A iniciativa foi lançada em 2023, com o objetivo de criar confiança, confiabilidade e sustentabilidade nas cadeias de suprimentos desses minerais.
Na República Democrática do Congo, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente está trabalhando com as autoridades para desenvolver um plano nacional para a extração de minerais, como o cobalto. O plano se concentraria na minimização do impacto ambiental da mineração e exploraria se as instituições locais e internacionais podem ajudar a resolver conflitos relacionados à extração de minerais.
Espera-se que durante a Unea-6, os diplomatas promovam ações sobre a mineração sustentável de minerais e metais e outras questões ambientais importantes.