Um novo relatório das Nações Unidas revela que cerca de 300 milhões de crianças foram afetadas pela exploração sexual e abuso infantil online nos últimos 12 meses.
A publicação apresentada nesta quinta-feira marca 15 anos da criação do Escritório do Representante Especial sobre Violência contra Crianças. Para a titular do cargo, Najat Maalla M’Jid, esse total não reflete a verdade devido a poucas denúncias e dados incompletos.
Exploração sexual e abuso infantil online
Para a enviada, “a violência contra crianças é resultado de muitos fatores”. Ela alerta que se o mundo não lidar com eles, não se poderá acabar ou prevenir o fenômeno.
De acordo com a representante especial, a exploração sexual e o abuso infantil online são “um grande problema” pois mais crianças, predadores e agressores sexuais estão conectadas à internet.
Comentando o estudo, ela alertou que “o trabalho infantil é tido como violência contra crianças porque normalmente os menores de idade precisam estar na escola e não trabalhando.”
A enviada ressalta ainda que “crianças não são um problema a ser resolvido. Elas são um ativo para investir.” Nas declarações, ela ressalta que se não forem modificadas as mentalidades, não será cumprida a promessa de acabar com o problema.
Extorsão financeira ou sexual em alta
A atual dimensão das táticas usadas por abusadores pela internet para explorar sexualmente crianças ou jogos online nunca foi vista anteriormente. Ela considerou horríveis os atuais dados sobre a “alta na extorsão financeira ou sexual tendo como alvo crianças porque elas carregam sua própria imagem e depois são ameaçadas e assim por diante”.
Uma das constatações do relatório é que 15% das crianças em todo o mundo relatam vitimização por cyberbullying. Outros 160 milhões delas ainda estão envolvidas em trabalho infantil.
Em entrevista, Maalla M’Jid atribui o número elevado a crises como deslocamento forçado, insegurança alimentar, pobreza, conflitos de disparidades sociais, crise climática e o número de crianças envolvidas no trabalho infantil está que subindo.
Violência no local de trabalho
A enviada ressaltou ainda que muitas crianças são vítimas de violência no local de trabalho e do tráfico, de contrabando e da exploração sexual.
Tecnologias novas e em desenvolvimento, como inteligência artificial generativa, apresentam novos riscos à segurança das crianças online. Cerca de 15% dos menores de idade em todo o mundo relatam vitimização por cyberbullying.
O relatório ressalta haver sérias preocupações com danos no mundo online, incluindo exposição a conteúdo violento e sexual, promoção de suicídio e automutilação, discurso de ódio, discriminação, racismo e xenofobia.
Entre os riscos que causam apreensão estão ainda o crime organizado, a circulação de armas, o tráfico facilitado pela tecnologia e o recrutamento para grupos criminosos, armados ou violentos extremistas.
Pais, cuidadores, colegas ou vizinhos
Para muitas crianças, os autores da violência física, emocional ou sexual são pessoas de confiança das vítimas, incluindo pais e cuidadores, colegas, vizinhos, professores ou membros da comunidade.
Em mais de um terço dos países, pelo menos 5% de meninas relataram experiências de violência sexual na infância. Em nível global até um quinto das adolescentes sofreu violência recente de parceiro íntimo.
A forma mais comum do tipo de abuso é a disciplina violenta cometida por cuidadores. Quase 400 milhões de crianças menores de cinco anos sofrem regularmente agressão psicológica ou punição física em casa. O total equivale a 6% dos menores nessa faixa etária.
O relatório destaca ainda a redução do tipo de práticas prejudiciais, mas destaca que as taxas não acompanham o crescimento populacional.
Meninas e mulheres vivas que se casaram
Os autores calculam que há 640 milhões de meninas e mulheres vivas que se casaram na infância. Nessa questão houve algum progresso porque um quinto de meninas se casou antes dos 18 anos, em comparação com a quarta parte observada há 25 anos.
Estima-se que 68 milhões de casamentos infantis tenham sido evitados nesse período.